Quem sabe fazer não esquece.
O Fim de Peleja é um blog que trata de futebol e que, segundo seu “slogan”, falaria também sobre outros assuntos. Dissertarei sobre um evento que rolou no último fim de semana de janeiro em São Paulo. Eu sei, já faz tempo...é que eu tenho trabalhado bastante.Bem, arrumei algo para escrever que está quase que totalmente desligado das quatro linhas..um show!Eu disse quase porque o palco foi o Morumbi. Sim, sim. Estamos falando da passagem do Metallica pela verdadeira capital deste país; a cidade que mais atrai música, cinemas, teatros, festivais, restaurantes, bordéis; a cidade que é o centro cultural tupiniquim. São Paulo é o verdadeiro pólo magnético desse país, sem referências a morte, e atraiu o melhor do metal mundial por dois dias ao receber a tour do disco Death Magnetic lançado pelo Metallica em 2008 depois dos fracos Load, Reload e St. Anger – um soco na cara e um chute nos testículos de quem dava a banda como morta. Foi puro magnetismo.
Como sou um membro do proletariado só pude ir à primeira noite de shows e isso bastou para me surpreender demais e para escrever esse texto, então não falarei nada sobre o show do dia 31/01. Não sou um fã fanático da banda, portanto não esperava que voltasse tão rouco, dolorido e admirado pela qualidade do show dos caras. E parece que o pessoal lá de cima estava ciente que não poderia estragar o show e a minha saúde tão debilitada naqueles dias. A tradicional chuva de fim de tarde de São Paulo não marcou presença no Cícero Pompeu de Toledo, nada de água para minha felicidade, exceto pelos copinhos vendidos a cinco reais! Um absurdo!
Cheguei ao Morumbi às 14h mais ou menos, entrei na fila da pista e consegui acompanhar o show inteiro do Sepultura no meio da confusão localizada a duas fileiras da grade que separa a pista normal da ridícula “pista VIP”, um setor criado apenas para que os organizadores ganhem mais dinheiro. Estava um verdadeiro inferno. Honestamente, eu praticamente não assisti ao show por causa do empurra-empurra, por isso não falarei muito..Destaco Refuse/Resist, Dead Embryonic Cells, Filthy Rot, Troops of Doom, Territory, Arise e Roots. A energia dos novos sons não me empolga tanto, mas apesar dos pesares, o Sepultura ainda sabe agitar o público e até mesmo o frontman do Metallica, James Hetfield. Ele curtia Refuse/Resist sentado na bateria de Lars Ulrich no backstage durante o show dos brasileiros.
Sobre o show do Metallica, o que dizer? Foi um show de dois grandes momentos! Tudo começou com a exibição de cenas do filme The Good , The Bad and the Ugly acompanhadas pela canção The Ecstasy of Gold. O Metallica não tem qualquer participação tanto na música quanto no filme, apenas a admiração. A tradicional música que abre os concertos da banda desde 1983 foi composta pelo grande compositor italiano Ennio Morricone e faz parte da trilha de The Good, The Bad and the Ugly (1966) dirigido pelo também italiano Sergio Leone, um clássico spaghetti western que forma a trilogia Dollars Trilogy, composta pelo título já mencionado e os antecessores A Fistiful of Dollars (1964) e For a Few Dollars More (1965).
O telão para de exibir as cenas e o quarteto entra no palco cercado pela energia e fanatismo do público que acompanhou em um coro uníssono toda a trilha instrumental da música com ansiedade e alegria. O show propriamente dito inicia-se com a empolgante Creeping Death logo de cara. A galera se esgoelou na pista. Todos cantavam o refrão e o tradicional “Die, Die” na sinestésica e tradicional linha de baixo executada com maestria por Rob Trujillo. Particularmente, essa foi a segunda melhor música da noite.
Assim como em Porto Alegre no dia 28/01/2010, a banda apostou em outro som do Ride the Lightning, a excelente For Whom The Bell Tol, que possui uma linda melodia, casamento perfeito entre os instrumentos. Em seguida acompanhamos a segunda faixa do primeiro trabalho dos caras intitulado Kill ‘Em All – The Four Horsemen agitou o público e foi executada com louvor pelo quarteto, mostrando que James e companhia ainda levam músicas de quase 30 anos de existência com vigor e energia.
Agora, me desculpem, mas chegamos à primeira catarse do espetáculo. Essa é uma opinião muito pessoal e ponto final. Muita gente ouve o ...And Justice For All e fala que a melhor música é a excelente One. É verdade que é um dos grandes clássicos da banda, é o primeiro som que virou videoclipe (fato que até rendeu uma cusparada na cara de James Hetfield, acusado por um fã de ter se vendido ao mainstream), é a primeira canção que alavancou o Metallica ao sucesso e ao dinheiro e blá, blá, blá. Honestamente, as pessoas que pensam isso deveriam ouvir o disco novamente e dar atenção a sexta faixa! Comprei meu ingresso e fui ao Morumbi com um “desejo de grávida” – “Quero ouvir Harvester of Sorrow!” – Parece que eles me ouviram. Quando ouvi a bateria de Lars e aquele riff inicial quase que senti um orgasmo e dos bons! Isso define o que significaram esses seis minutos naquela noite do Morumbi e não preciso dizer mais nada. Depois, a prestigiada e belíssima “balada” Fade to Black que não poderia ser deixada de lado depois de mais de dez anos de ausência da banda em terras brasileiras.
Até agora só falei de músicas de álbuns antigos, mas essa não era a Death Magnetic Tour? O Metallica justificou isso emendando três sons do bem conceituado álbum por público e mídia especializada: a sequencia foi composta pelas duas porradas que inauguram o disco, That Was Just Your Life e The End Of The Line, e o primeiro single The Day That Never Comes. Destaco a excelente The End of The Line que tem uma energia absurda ao vivo, embora a terceira citada foi uma das mais cantadas pelo público e mostrou que o Metallica continua vivo também com suas novas composições.A música subsequente foi dedicada ao Sepultura e agitou o Morumbi todo. Trata-se da clássica faixa Sad But True, a primeira do aclamado Black Album a ser executada na noite. Apesar de estar saturada para muitos fãs, a música faria falta ao set executado. Prova disso foi a empolgação do público que acompanhou a letra do início ao fim enquanto pulavam e agitavam. A quarta e última canção magnética foi a boa Broken, Beat and Scarred.
Após esta faixa o Metallica apostou na segunda catarse, essa de consenso geral, e me perdoem pela repetição do termo. Acho que não precisarei comentar muito para justificar tal afirmação: One e Master of Puppets, dois clássicos cantados com entusiasmo por mais de 60 mil fãs. One foi destacada pela pirotecnia e os tradicionais sons de metralhadoras e helicópteros simulando situações de guerra. Em Master, James tinha controle total de suas marionetes que berraram a plenos pulmões toda a letra, em especial o forte refrão. Depois da porrada e a calmaria, por mais antagônico que seja, de Master, o Metallica apostou em uma surpresa que agradou muitos fãs, principalmente o meu amigo Kenny Klynter que “quase” chorou! Foi iniciada Blackened, a primeira faixa do ...And Justice For All.
Eu e Kenny Klynter na pista - 30/01/2010
Após três pesos pesados do repertório da banda, por que não acalmar os ânimos e dar espaço para todos cantarem, digo todos, inclusive os “fãs Black Album”, e ascenderem seus isqueiros ou celulares? Pois é, Kirk dedilha a bonita Noting Else Matters seguida da supervalorizada Enter Sandman que fechou o trio de ferro do álbum negro e também os “90 minutos da partida" com o público no auge da empolgação.
Para os "acréscimos", ou melhor, o bis, a banda retornou com o mesmo esquema de toda a turnê pelo Brasil: Um cover, uma música do Kill ‘Em All e a clássica Seek and Destroy. No caso da primeira apresentação em Sampa, a banda mandou Stone Cold Crazy do Queen e a inesperada Motorbreath que agradou os fãs saudosistas das “trasheira oitentista” da banda. Seek And Destroy, tradicional última música dos sets, foi sensacional como sempre e encerrou uma noite memorável que todos os fãs se lembrarão para sempre, mesmo que tudo tenha acontecido no panetone que costuma estar cheio, ou não, de frutas cristalizadas durante os dias de futebol.
Crédito: Lucas Souza de Amorim
A vinda para o Brasil foi especial para o Metallica, pelo menos acredito que a banda sinta isso. Em primeiro lugar, obviamente, por ver milhares de fãs, de várias gerações, do moleque ainda sem pentelhos até os tiozões de quarenta/cinquenta anos, curtindo sua música e em segundo lugar pelo reconhecimento – a banda levou um disco de ouro pelas vendas acima de 45 mil cópias do CD Death Magnetic e um disco de platina pela vendagem superior a 60 mil cópias do DVD Orgulho, Paixão e Glória.
2010 parece ser um grande ano com vários shows para que curte música boa e/ou pesada...teremos Dream Theater, Guns N'Roses, Municipal Waste, Cannibal Corpse, Coldplay, Overkill, B.B. King, P.O.D, Suicide Silence, Lamb of God...haja dinheiro e ouvidos saudáveis. Vamos ver o que acontece.
PS: Ah sim! São Paulinos, estou de brinks, tá?Abrassaum procêis! =D
1 comentários:
show espetacular!
9 de fevereiro de 2010 às 17:19sabe que nem sou tão fã dos caras também, mas quem aprecia espetáculos não podia ter perdido.
eu só senti falta de Fuel que eu particulamente adoro e acabou ficando pro set do dia 31, mas valeu o investimento de qualquer forma.
agora é dream theater dia 19 e o que mais der pra ir, uhul!
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