quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma paixão.

- É TETRA! É TETRA!
17 de Julho de 1994.
Ele não sabia o que se passava, mas sabia que era algo bom, devido ao estardalhaço nas ruas, e até mesmo em sua casa.
A memória que ele tem é de um cara do cabelo engraçado indo em direção a bola, e isolando a mesma.
Oras ,o que aquilo tinha demais?

Logo menos ele iria descobrir:
6 de Agosto de 1995

-O Pai, quem ta jogando?
-O “Coringão”, meu filho! Contra o Palmeiras.
-Huuum. Ta bom, pai!


E fez algo que nunca tinha feito antes: Sentou na sala com seu pai e começou a assistir o jogo.
O que lhe chamou a atenção, foi um certo camisa 7. Baixinho e franzino, mas que parecia ser o “dono” do time, pois era ele quem cobrava as faltas, e era ele quem organizava o jogo.

O jogo seguia. Viu o Palmeiras abrir o placar. As reações de seu pai foram as normais de qualquer torcedor: Xingou, reclamou e continuou olhando a TV, quase sem piscar.
-Pai, quem é esse camisa 7? Toda hora ele ta com a bola!
-É o Marcelinho, meu filho. Joga muita bola.
-Será que ele faz gol?
-Acho que sim. Ele costuma decidir, e bate muito bem as faltas.

Dito e feito: Falta para o Corinthians, o “Pé de Anjo” partiu e colocou no ângulo do Velloso, que só pôde ver. Vibração em sua casa, vibração nas ruas.

O jogo se seguiu para a prorrogação, até que no finalzinho, quando Elivelton acertou um chutaço, garantindo mais um Paulistão para o Corinthians.
Foi uma alegria que só! O Pai o abraçou e começou a gritar, a falar o nome do Corinthians, a cantar o hino.
No fim do jogo, o bairro era só festa. Ele ainda admirado, não sabia a dimensão daquilo. Seria somente o Corinthians? Ou seria o Futebol que o fascinava? Para um garoto de seis anos, isso pouco importava. Ele queria é comemorar gols, e de preferência os de um certo camisa 7, baixinho, e que vestia a camisa do Corinthians, o time do seu pai. O seu futuro time. O seu atual time.
-Pai, posso te pedir um presente?
-Claro, meu filho.
-Me dá uma camisa do Corinthians? Só que tem que ser a branca, com o número 7!
Após isso, ele sorriu, e foi pra rua comemorar com os vizinhos, aos berros de: “É CAMPEÃO!”

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O futebol está acima de qualquer situação, momento, fase, circunstância. É paixão inconsciente, cega, inexplicável..é pura e apaixonante.

Muitos torcem o nariz e vêem a paixão nacional como algo supérfluo e alienante, porém não é. Verdadeiras tragédias acontecem sempre deixando Homero e os antigos gregos no chinelo mais vagabundos. 02/12/2007 - O antigo garotinho já é um moleque de barba de 1m80cm com sua camisa sete, presente dado pelo pai há doze anos, no ombro. Ele abre uma lata de cerveja às 16h para o último ato que definiria o destino de uma nação: uma nação preocupada que tinha esperanças e apostava todas suas fichas em seus heróis, na história, na tradição e em um único ponto, 43 – 42, o suficiente para a nação.

A decisão tinha dois palcos: Porto Alegre, infestado por um bravo e empolgante mar azul, preto e branco e por alguns poucos alvinegros que incentivam seus soldados, e o Serra Dourada infestado por esmeraldinos e alguns colorados. Aos dois minutos em Porto Alegre o golpe gaúcho: Jonas abre o placar e o jovem atônito deixa a cerveja cair no chão. O garoto sorri ao ver Orozco abrir o placar aos 13’ a favor do Internacional no Serra Dourada. Aos 29’ a reação: Clodoaldo empata a partida e a minoria alvinegra vai à loucura esperançada. Aos 32’ no Serra Dourada Élson empata para o Goiás. Os corintianos olham preocupados. Os jogos se arrastam até o intervalo e a vantagem é dos paulistas.

Outra cerveja é aberta, um cigarro é aceso e o segundo tempo começa nos dois campos de batalha. Atenções todas para a televisão. O mundo era o Olímpico, nada mais existia.

Aos 12’ pênalti para o Goiás no planalto. A respiração dos alvinegros é interrompida e a esperança dos goianos aumenta: Paulo Baier bate, Clemer defende e Djalma Beltrão manda voltar. Parece que alguma coisa lá em cima está contra a nação. Nova tentativa e tudo se repete deixando os alvinegros desesperados. São Jorge nada pôde fazer: na terceira tentativa, Élson bate e converte com maestria.

Quinze, vinte minutos de rezas, olhares vidrados e lágrimas ensaiando uma queda. As substituições não são suficientes. A minoria no estádio Olímpico e os milhões pelo país choram com o apito de Alício Pena Júnior.

O garoto em estado de choque olha para a televisão sem reação: não se mexe, não pisca, quiçá não respira. O Corinthians caiu, o gigante jogaria a série B no ano seguinte. Ele senta na cadeira com a cabeça baixa e as lágrimas rolam no chão. Betão, Zelão e Felipe choram, a minoria no Olímpico chora, a nação chora.

Como resumir o sentimento? Vergonha?Nunca...corintiano não tem vergonha de nada, principalmente de ser corintiano. Apenas decepção e a certeza de que nada abalaria o amor, a paixão. Divisão não quer dizer nada. O garoto ergue a cabeça, bate no peito e diz: Eu sou corintiano e eu nunca vou te abandonar porque te amo.

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O blog Fim de Peleja foi criado para falarmos sobre futebol e outras coisitas mais para quem quiser ler. Para falarmos.."quem falarmos"?Eis a resposta: Paulo Cesar, vinte anos, estudante de Direito e corintiano; Felipe Pahor, vinte e um anos, estudante de Rádio e TV e corintiano. Graças a Deus!

Os textos acima são, respectivamente, de nossa autoria e retratam, através de duas situações antagônicas do maior de todos, o que é o futebol para nós dois. Espero que curtam esse pequeno espaço e comentem sobre nossos textos que falarão, obviamente, de futebol e outras coisitas mais para quem quiser ler. Ah sim..nos perdoem o pleonasmo.

1 comentários:

Marcelo Mayer disse...

futebol não é esporte, é diversão. qualquer um, não importa o condicionamento fisico sabe jogar. no futebol nnao ha o termo esforçado. isso cabe aos atletas olimpicos que dizem que o mais importante é competir. isso nao acontece no futebol. futebo, é justificar de todos os modos a derrota e jogar na cara de todos a vitória. foda-se que o time adversario é carente, vamos ganhar. futebol é a personifcação exata do homem. ganancia, passar por cima, rir dos outros e jogar na cara oq tem de melhor que o outro. futebol é hj é uma classe social. o rico abraca o pobre na hora do gol.
além do mais que, ser corinthiano é ser também, um pouco mais brasileiro.

ps: que saudade dessa zaga com henrique e ezequiel dando suporte na direita

15 de janeiro de 2010 às 22:59